30/11/2008
31/10/2008
O Ritmo da Vida
Uma montagem que (boa ou má) soube bem fazer antes de partir, amanhã, para cores de que já tinha saudades.
Para quem gostar de nitidez de imagem, aconselho um duplo clique no vídeo para um voo rápido até ao YouTube e a possibilidade de, com um 3º clique em "watch in high quality", não embaciarem os olhos com uma provável abordagem míope à pista da má resolução.
Ah! Obrigado por terem passado por aqui neste tempo global de crise. Dizem não haver fuso horário que escape. Dizem...
Mas, permitam-me ter dúvidas:
apalpem a alma, respirem um pouco o coração, procurem a água que existe dentro e depois digam se há assim tanto de realmente importante a lamentar.
So, don´t believe the hype...
Até daqui a uns sóis.
'©
eduardo jai
'
3:26 da manhã
30/09/2008
Divisa
das terras
das gentes
não do teu beijo molhado em nascentes
**
Dias bons, cheios de Vida.
Até breve.
Lykke Li - Dance Dance Dance
'©
eduardo jai
'
5:41 da tarde
103
impressões
Baú: breve
31/08/2008
Transfiguração
para adornar o banho que me lava o olhar [quando o sol desce corado por te aquecer a água] chamei flores brancas da ilha mas ao verem o jardim dos teus gestos tomaram a forma de pássaros turquesa e voaram longe para perfumarem espuma ainda por te afagar
como eu
não resistiram à tua dança no mar
Jack Johnson – Better Together
'©
eduardo jai
'
10:37 da tarde
112
impressões
Baú: breve
31/07/2008
Verbo
às vezes não sei redigir o meu amor
nem se há sentido em tentar
às vezes não sei dizer quanto te sinto
nem porque o quero grafar
pinto vocábulos sem termo
ilumino beijos manuscritos
[num carrossel aborrecido
de caracteres sem sentido
que enodoo no papel]
até que os teus lábios desenham um ‘amo-te’
as mãos me brincam os cabelos
os pés prometem amaciar o meu dormir
e sozinhas
as palavras fazem-se verbo
falam como mar
tocam como ondas
correm como rio urgente da maresia
depois morrem a sorrir
e renascem gravadas no som das marés
quando as vou ler
ouço-as ainda dizer
'menina linda tu és'
'©
eduardo jai
'
9:03 da tarde
102
impressões
Baú: breve
25/06/2008
Dúvida
mergulhei esquecido na floresta da noite que se abria já em rio e no regresso pela luz clara tropecei em raízes perfumadas do teu sorriso e no peito senti o arranhar de flores espinhadas de beijos teus
não
não eras tu
foi o vento nas árvores
ou talvez a morfina do sono atrasado
numa noite quente reservada a fingir-me sem ti
Joss Stone - Jet Lag
Editei para trocar o vídeo. Retiraram do YouTube o "All Flowers In Time (Bend Towards The Sun)" do Jeff Buckley com a Liz Fraser. Parece que é um problema comum a tudo o que é relacionado com o Jeffito e, infelizmente, como sabemos, a culpa não é dele. Quando estiver inspirado de tempo faço um. Aquele tema diz-me muito.
Deixo a Joss Stone que não é propriamente uma suplente. Escolhi a canção que estava a ouvir - jetlagado em muitos sentidos - quando deparei com o síndroma pré-menstrual youtubiano. Além do mais, gosto muito desta loira com voz de ébano e coração branco. Espero que ela usufrua da estadia por paragens vasantianas. Por aqui também se anda descalço...
'©
eduardo jai
'
2:59 da tarde
94
impressões
Baú: breve
31/05/2008
Encontro de café
Conheci-lhe vários ofícios e projectos. Contou-me que no último ano tinha vivido seis florestas a leste de Raipur, onde os tigres ainda são selvagens e as mulheres dançam com doçura. Sem fazer nada por uns tempos. Para ganhar a vida.
No outro dia, descobri-o amo de uma irritação súbita, quando o abordaram com pensamentos filosóficos e religiosos. Aquietou-os a todos primeiro com um bocejo, tsunamizou-os de seguida com a rapidez de um espirro e limpou depois os restos com um assobio e uma proposta acariciada no nariz:
“Porque vestem Deus com camisolas de cores diferentes? Isso não faz sentido nenhum e os daltónicos vão ficar confusos. Em vez de tantos abafos, porque não pomos a nu o Glorioso, o que vive sempre na Luz? O coração diz-me que o Benfica vai fazer uma época para recordar com religiosidade. Não há kants nem schopenhauers que me demovam a fé. Quem quer começar a debater a minha crença? Vá lá, esqueçamos templos e ideias carentes de banho e depilação. Brinquemos a inocentes zoroastrozinhos do futebol. Sejamos humanos, porra!”
Perante a mudez dos olhares estrábicos e enevoados, e por ter compaixão e respeito nas estatísticas da sua personalidade, acabou por pedir chá de menta com pastéis de belém e... vinho com presunto e bolinhos de bacalhau. Aparentemente, para possibilitar distintos arrotos gastronómicos consoante os hálitos das crenças dos seus interlocutores. Ou era apenas piedade pelas expressões burlescas que faziam e pareciam contrariar a suposta clareza acrescida de quem acaba de adquirir mais um doutoramento. O nome que se lhes lia nas entrelinhas das testas também podia ser a razão: "Metafísica Perplexa Súbita".
“Quero suavizar-lhes uma dispensável sensação de vazio. Antes de tudo, são o coração e o estômago que precisamos de ter cheios. Só depois o ser humano se deve atrever a pensar, sem imitar os papagaios. E quando o coração está fechado, conforta-se-lhes o tubo digestivo, não achas?”, esclareceu-me, à socapa, com um riso leve.
“Ah! Como disseste que precisas ir embora e já vais lanchado de sorrisos, pedi para ti só mais um café e paciência. É que gostava que levasses isto e depois me desses uma opinião. Sabes, houve um tipo que há uns dias me chamou de poeta lírico quando estava a mostrar uns escritos feitos lá por Chhattisgarh. Até senti a musa em mim a ranger os dentes... E respondi-lhe!”, piscou-me, enquanto me metia algo no bolso da camisa.
No dia seguinte li o papel de arroz.
Cozinhava assim:
canção para um pensador ou muitos
Páááá!!
estou cansado de intelectos
Páááá!!
tão cheiinho de opiniões
Páááá!!
parecem farturas
azeitadas de perspectivas
e filosofias respectivas
mortas como ovelhas maduras e frias
Páááá!!
pára de emitir neurónios...
afasta-me o teu pensar...
és só uma mente
que tem isso de diferente?
Páááá!!
e não é ecológico
é demagógico
é fodilhógico até
Páááá!!
da viagem quero o sentir
quero o alento
não o talento
Páááá!!
leva ideia a ideia
daqui para fora
leva a tua vida feia
e vai embora
sem demora
Páááá!!
agora ergue o rabo
para o meu tédio avançar
levemos o pontapé a cabo
para a pureza do ar
CATRAPáááá!!
foste
Blaaaah!!
Não conheço o pensador, o dantas, em questão. Mas é sortudo.
Lendo bem, talvez deixe passar umas semanas antes de lhe dizer o que acho.
Primeiro vou pedir para ler os escritos "líricos" em questão. Fiquei curioso e ganho tempo.
Depois dou uma opinião do conjunto.
Uns dias bons para todos!
Sheila Chandra - Ever So Lonely / Eyes / Ocean
'©
eduardo jai
'
6:21 da tarde
81
impressões
Baú: menos breve
29/04/2008
Mala
levo a água do teu corpo para beber
e arrumo o sabor num fruto para ter fome
a saudade vai como mapa
o beijo abriga a minha pele
e viajo
e amo
tanto para lá de muito
tanto para lá de tanto
que sei voar-te os olhos de qualquer recanto
'©
eduardo jai
'
5:47 da tarde
104
impressões
Baú: breve
22/03/2008
Monsoon
dias escritos pela água das cores da monção
arco-íris por iguarias
brindes ao teu olhar com cervejas de lua
Monsoon - (por mim e) Luka Bloom
'©
eduardo jai
'
1:59 da tarde
84
impressões
Baú: breve
22/02/2008
Água e sal
mas só percebi a palavra mar quando com as mãos te ondulei o corpo e com a boca sorvi do teu gozo a água profunda vinda do ventre em vagas onde deixei em espuma o sal
'©
eduardo jai
'
2:44 da tarde
86
impressões
Baú: breve
29/01/2008
Um ontem
sentado no parapeito de um dia cansado
vi o vento pular a janela aborrecida
para me dar a massagem do teu cheiro
o aroma a manga que deu cor ao pôr-do-sol
afogadas as âncoras do tédio
voltaram no respirar as suaves ondas da vida
e apanhei o barco secreto para o mar da tua pele
para trás ficou a quimera dos domáveis
rumei livre aos portos amenos do teu corpo
marés depois
seguro do farol que navega o nosso amor
sosseguei em sono algures nas travessias
para sonho
escolhi o teu beijo como despertar
ao leme
ficou a madrugada
The Psychedelic Furs – Until She Comes
'©
eduardo jai
'
3:47 da tarde
62
impressões
Baú: breve
09/01/2008
Viva! Yay! Um BOM 2008!
alei o mar e voei com ele o vento
para lá do sol
descobri as tuas sardas a brilhar no firmamento
Achei por bem contar a todos os que me fazem sentir contente com o vosso passar que, durante esta minha ausência (por motivos diversos mas quase sempre agradáveis), o J.F. me chateou inúmeras vezes, ligando e colocando pressão no sentido de dar um interessante, rápido e bom destino à sua história. Disse-me que os seus nobres e ocupados desígnios não lhe permitiam a paciência de ter que consultar os relatórios diários sobre a eminência de um novo post, aqui, no Vasant Utsav. Acrescentou, ainda, que não tinha exterminado este blog - como fez com tantos outros - por não fazer sequer sentido dedicar-lhe energia pois aparece no “Índice JF” numa rastejante posição.
Foi com um choque nos antípodas do imaginável que o país e o mundo receberam a notícia da prisão de João Fatalista, na Nova Zelândia. A CNN acabou de revelar que tinha sido detido por tentativa de violação de uma ovelha local. Sabia-se apenas que ele se encontrava nas ilhas para fazer os discursos de abertura e encerramento na cimeira mundial “O rugby, o gado ovino e o aquecimento global”, a convite de Al Gore.
Ao ser conduzido a prestar as primeiras declarações às autoridades, em Wellington, conseguiu ouvir-se um breve depoimento, em português, no meio da confusão de repórteres que o rodeavam. Esse momento fatal para a carreira brilhante de um homem amargo foi captado por José Rodrigues Albarran Fino, graças a uma ímpar tenacidade forjada em várias situações de guerra aberta e que se encontrava nas redondezas para cobrir a descoberta de mais uma lula gigante nos mares de Aotearoa, nome do país em Maori e que significa “terra da longa nuvem branca”.
Com um sorriso ausente e um olhar alucinado mas estranhamente humano, o autor d´"A Verdade é Amarga" parecia até sentir-se em casa. Como nunca antes. Esta é a transcrição fiel das palavras que o repórter lhe conseguiu tosquiar:
“Ela era doce. Era tão doce…”.
Ainda estou sem saber se este é o último terminal na história blogante de João Castello Delmonte Fatalista, "O Azedo". Mas, pelo menos, o telemóvel não tornou a interromper afazeres de amor em horas mais visíveis de expediente…
'©
eduardo jai
'
5:12 da tarde
56
impressões
Baú: breve, menos breve